quarta-feira, 29 de abril de 2009

Descrição com sentido

Você é feio e bobo.

Você é um chato, mas me sinto bem do teu lado. Você me incomoda, mas me incomodo mais quando meus olhos não te encontram. Você faz comentários dispensáveis, mas o teu silêncio vale mais do que todas palavras. Você brinca comigo, mas me faz bem.
Você implica, faz piada, não leva a sério, é insistente, teimoso, chato. Mas é assim que você faz eu me sentir tão bem.
Você me abalou, me levou ao chão, me cortou, mas soube me levantar e me curar. Você é isso.
Não sei te descrever direito. E esse texto ficou uma porcaria.

Mas vou parar de escrever, porque eu sei que você vai ler.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Prisão

O jato que a atingiu foi rápido, instantâneo e quase imperceptível. Ele perfurou sua pele, penetrou nos seus vasos sanguíneos e se misturou com seu sangue. Invadiu seu coração. Ela tentou gritar, mas não deu tempo. Não doeu, mas a invadiu. As cordas amarraram seus pulsos e os braços envolveram a cintura. Tarde demais. Ela estava presa. Numa prisão invisível travada pelos seus próprios sentimentos. A prisão mais colorida que ela já vira.

Tarde demais. Ela estava presa. Mas ela gostou da prisão.

sábado, 25 de abril de 2009

Acredite

Todo dia ela acordava e esperava. Se debruçava na janela em busca de algum movimento suspeito. Alguma coisa que arrancasse aquelas cócegas sufocantes do peito, e fizesse com que ela voltasse a respirar. O coração bombeava fracamente um sangue feio e amargo, repleto de dor e angústia, e o corpo aceitava tristemente. Todo dia ela acordava e esperava.
Ela esperou. Esperou por muito tempo. Até que ela cansou. Todo dia as nuvens riam e diziam que ela era uma boba e os passarinhos entoavam músicas repletas de “pobrezinha, tão tonta”. Então ela cansou. E não mais esperou.
No outro dia ela acordou, pegou sua bolsa e saiu correndo para a rotina sem não mais olhar pela janela. Que pena. Justo hoje que seu super herói estava ali.

As nuvens carregarão essa culpa, e os passarinhos ficarão com seu canto entalado na garganta. Para sempre.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dói.

Porque se a alegria de estar junto a alguém é extensa, não é nem de perto comparada a extensão da dor de perdê-la. Seja para quem for, se for para Deus, se for para outra pessoa, se a pessoa apenas foi embora, perdê-la deixa marcas. Deixa buracos. E buracos deixam cicatrizes. Muitas vezes, o buraco é dolorido, e arde como fogo. Demora para cicatrizear. E a dor te consome, te deixa cega. Outras vezes, o buraco logo é preenchido por pele, deixando uma marca que te lembrará para sempre que alguém esteve ali. Têm vezes que a pessoa simplismente foi para algum lugar melhor, e nessas horas o melhor jeito é se conformar e se lembrar saudosamente de tudo que você viveu com ela.
Seja quem for, seja como for, dói. Perder alguém sempre dói.

Mas a dor passa. Porque ela escorre com as lágrimas.
As lágrimas rolam face abaixo, rechadas com pedacinhos de dor. E logo você percebe que aquele buraco já não mais dói e tudo que existe ali agora é marcas que fazem cócegas saudosas quando você lembra delas.
Chorar faz bem e lava a alma.

Faço as mãos em forma de conchinha e vou catando as lágrimas que pingam do meu rosto. São lágrimas salgadas, com casquinha de água e recheio de dor. Elas vão se acumulando e formando uma pocinha nas minhas mãos. De repente, a fonte seca e a dor não sinto mais. Ela se esvaiu.
Então me levanto e jogo minha piscininha doída para o vento. "Leva logo essa dor embora"
O vento levou, mas as marcas ficaram. Você esteve aqui, e você se foi. Mas você existiu.

Não tem como não lembrar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Se você ama, não decepciona.

Você me fez pensar que talvez o mundo não seja tão ruim assim. Que o azul do céu está mais perfeito do que sempre. Que o arco-íris leva até o pote de tesouro. Que as nuvens são doces e possuem formas não acidentais. Que tudo era previsto. Que a vida não é um acidente. Que podemos correr pelas ruas no sinal verde sem sermos atropelados. Que podemos tomar banho de chuva sem ficarmos doentes. Que as guerras não são nada perto da harmonia que reina no mundo. Que a destruição da natureza não é nada perto da sua preservação. Que a vida é mais cor-de-rosa do que eu imaginava.
Você fez com que eu tirasse a venda dos olhos e o cadeado do coração. Que eu me sentisse livre. Eu posso voar.
Olho para o céu e sei. O azul está perfeito.

Tenho medo da decepção. Ela é cruel, é má. É uma faca cega que nos mata devagar. Que nos consome. Sem piedade. Em apenas um segundo, ela pode decepar. Pode apunhalar. Pode matar. Fazer sofrer. Fazer lágrimas serem derramadas. Ela vem de surpresa. Você não esperava. E é isso. Ela perfura seu coração, e você sangra. Sangra amor. Chora dor.
Então você percebe que o azul do céu não é tão bonito, e que a vida pode ser mais cinza do que você imagina. Você descobre que correr pelas ruas pode ser o seu fim.

Só espero não me deparar com essa faca. De qualquer forma, meu coração está blindado. Por via das dúvidas. O azul do céu está perfeito, mas o tempo pode fechar. Eu sei que você não me machucará. Não dessa vez. Eu espero.

Não vão existir desculpas. Se você ama, não decepciona. E é isso. Só isso. Fim.

sábado, 18 de abril de 2009

Perda total

Sempre me disseram que as pessoas não mudam. Agora eu tenho certeza que não é verdade. As pessoas mudam, e mudam muito. Podem se transformar em uma pessoa completamente diferente num piscar de olhos.
E foi assim. Você estava ali. Grosso. Rude. Um dilacerador de corações nato. Então eu pisquei. Clique. E não era mais você ali. Era outro, muito mais carinhoso e gentil.
Os homens são engraçados. Não mais que as mulheres, mas uma graça diferente. Demoram para se apaixonar, mas quando são fisgados ficam completamente cegos, chegando a babar. Confesso que a minha vara de pescar era meio cega no começo. Demorei pra te pescar. Mas quando consegui, foi perda total.
Você mudou e me fez mudar. Criei em você um sentimento novo. E você fez ressurgir em mim algo que há muito eu tentava fingir que não existia.
Diria que te domestiquei, se a palavra não fosse tão pesada. Um "te conquistei" seria mais adequado? A palavra não importa.

Finalmente, estamos conseguindo que nossas toalhas de mesas que não combinam se deêm bem, e que as nossas escovas de dente aprendam a conviver juntas. É difícil, eu sei. Somos tão diferentes... Mas agora a diferença já não tem tanta importância. Aprendemos a rebaixá-la a nível muito insignificante. O listrado e o xadrez agora combinam, assim como as bolinhas e as estampas coloridas vestem muito bem. Nossos corações que batiam em ritmos diferentes estão aprendendo a tocar uma mesma sintonia.

E num piscar de olhos, você mudou. Totalmente.
E em um outro piscar de olhos, você mudou minha vida.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Amor difícil

Então eu percebi que o amor era uma corda. Numa ponta está você. Na outra, eu. Há duas possibilidade: a corda me levará até você ou até a minha própria forca.
Foi quando eu pensava que estava quase morrendo enforcada que você me puxou e me amarrou com seus braços. Morrer sufocada foi melhor do que enforcada.

Sufoquei com seus cheiros e jeitos e o oxigênio já não é tão essencial pra mim. Viciei em ti, e você é o meu ar. Há duas possibilidades: ou sacio o meu vício, ou morro asfixiada.
Foi quando eu pensava que estava quase morrendo sem ar que você me puxou e me aninhou no seu colo. Morrer esmagada foi melhor do que asfixiada.

Você me esmagou com seu abraço e me comprimiu ao seu peito. Viciei no teu abraço.

O amor é difícil e cruel.

domingo, 5 de abril de 2009

. [2]

Você disse e eu nem acreditei. De novo. As palavras soaram mágicas, meio atrapalhadas no início. Eu me assustei. Não é do seu jeito falar coisas desse tipo, nem desse jeito. Fiquei pasma, abismada, boquiaberta. Demorei minutos para assimilar. Era verdade. Incrível. Era verdade. Agora as palavras eram mais intensas, seu significado era intenso, o jeito de dizer foi intenso. Tudo tão mágico. Senti a sinceridade se difundir pelo ar, exalando seu perfume adocicado. As palavras correram sobre a minha pele, me arrepiando e me dando calafrios, e invadiram meu coração, tocando uma marcha acelerada e perfeita. Tudo ficou tão em silêncio, e eu sentia sua respiração meu rosto. Quente, como as palavras. Palavras suaves, como o momento que nos envolveu.
Você conseguiu mudar. E vai acabar me mudando também. Quente, bonito, intenso e suave como as palavras, assim é que tem que ser.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

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Você disse e eu nem acreditei. Suas palavras soaram aveludadas, bem diferente do tom agressivo comum a elas. A frase percorreu macia sobre a minha pele e entrou nos meus ouvidos de um modo delicado. Mergulhou no meu sangue e se infiltrou no meu coração. Há muito, ouvir isso era o que eu mais queria. Agora, ela soou como algo normal, apesar da surpresa que me causou. Seus olhos me fitando, analisando minha reação. Eu, surpresa, tentava desviar do seu olhar perseguidor. A sinceridade que você exalou me envolveu e pela primeira vez eu não pude duvidar de que você falava a verdade.
Essas palavras me arrepiaram muito, me envolveram, me fizeram sentir. Sentir. Muito mais do que qualquer toque, qualquer carinho.

Você foi capaz sentir o que eu tanto quis que você sentisse. Pena que foi tão tarde.
Agora vai ser a sua vez de me fazer sentir alguma coisa.