domingo, 13 de dezembro de 2009

Como é possível converter em palavras sentimentos que nem eu bem conheço? As palavras me envolvem e me espetam. Revoltadas, se sentem vazias. Querem que eu as preencha com meus sentimentos. O que elas não entendem é que eu também quero arrancar essa pressão do meu peito e transformá-la em doces letras dormindo em um papel. Mas como um maestro pode reger sua orquestra sem saber que música tocar? Me deêm um tempo, impacientes frases, para que eu as organize de forma confortável.
Minhas mãos escorregam pelo teclado, deslizando em suas melhores piruetas, caminham pelas letras, pululam pelos acentos. Os sentimentos teimosos insistem em dormir em minha garganta, e, por um grande momento, preciso parar para pegar um fôlego. Eu preciso de ar. De uma folga.
Saiam, sentimentos! Façam uma pequena pausa.

E assim, eu sou o maestro. Regindo uma grande sinfonia. E assim vou ministrando em todos os lados, juntando acento, número, sentimento, emoção, lágrima e letras em uma criação que atinge todos os sentidos. Quem ouve, lê ou sente se emociona. Adquire para si um pouco do meu sufoco.
E por um minuto, todos choram, todos riem. E tudo é tão mágico. Ao som da trilha sonora perfeita, as lágrimas formam trilhas brilhantes nos rostos da platéia e os sorrisos sentem o gosto salgado. Por apenas um minuto, é tudo tão alvo.

Então, é hora de finalizar a sinfonia. Com o coração mais leve e a garganta mais livre, fecho as cortinas. Os olhos úmidos podem descansar em sonhos mais leves. As palavras e os sentimentos dormem agora em sulcos do papel, se preparando para um novo show.

Pois nesta vida tão intensa, eles também precisam de uma pausa. É um tempo para respirar fundo e se preparar para novas sinfonias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário