quarta-feira, 24 de junho de 2009

As lágrimas de saudade pingaram no chão. A solidão me pressionava. Todos estavam do meu lado. E eu me sentia só.
Sozinha, no meio do aglomero. Acompanhada de solidão.
Contraste? São lágrimas saudosas que não pingam dos olhos, mas, sim, do coração. Lágrimas de sangue, pingos de saudade.
Chorá-las dói, mas não mais do que guardá-las.
A blusa salpicada era um registro de sentimentos. Saudades pontilhadas.
Em breve secariam. Como se nunca tivessem existido. Nada provaria que elas caíram.

São apenas marcas passageiras de coisas que ficam gravadas pra sempre.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As lágrimas que antes derramava proporcionavam-me letras e palavras para expressar minha dor. A tristeza que apertava meu peito, subia até a minha garganta, sufocando-me, e procurando um jeito de sair para o meio externo. Saim em forma de textos e frases emocionantes que exalavam um cheiro, e pingavam sentimentos. Era minha compressão interna em forma de rabiscos num papel. Minha dor ficava na tinta da caneta e meu coração aliviava.
É estranho estar feliz. As frases me faltam. Fico sem palavras. Sorrio, ofego, observo. Desenho seu rosto com os dedos, e não preciso de sons. Pra que palavras, se o silêncio já diz tudo? A respiração ofegante, comprimindo um peito contra o outro, mostra que os sentimentos estão ali dentro e não querem sair do coração.

sábado, 13 de junho de 2009

Senti as batidas do teu coração junto ao meu peito.
E percebi que nossos corações estavam entrando em sintonia.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O silêncio era soberano. As lágrimas fugiam sorrateiramente, como gotículas de cristal, rolando e deixando uma marca brilhante em minha face. Pingavam no chão. Os raios invadiam a cena, refletindo a pequena pocinha e os olhos molhados. Eu estava quente, e sentia bem a trilha gelada e salgada no meu rosto.
O pijama, que eu ainda não tirara, estava salpicado. Salpicado de gotinhas com sentimentos.
Dali a pouco, eu não sentiria mais nada. Os sentimentos saíam do peito, se convertendo para o estado líquido. Viravam lágrimas doídas.

As lágrimas estavam indo embora. Levavam consigo coisas que eu não queria mais.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O frio me envolveu como um mando enregelado. Foi instantâneo. Ele viera junto com o breu, confundido-me com suas densidades. O calor evaporou-se num segundo. Tudo se dinfundiu em vários planos. Eu perdi meu foco. Foi um momento claustrofóbico em meio ao grande espaço em que eu me encontrava. O ar era carregado de sentimento e cheiro de emoção. Era um cheiro branco, áspero e gelado. Minha inspiração tornou-se exaustante, meus pulmões pareceram murchar. O ar não queria entrar para os meus pulmões, por mais que a diferença de pressão entre eles ordenasse. Era uma sala grande, e vazia. Tudo tão branco, em meio a janelas que deixavam a névoa gelada entrar no cenário, como uma noiva de gelo. A vontade era de dançar e fazer com que meu corpo ocupasse cada pequena porção daquele espaço, de modo a inspirar todo ar possível. O grito entalado na garganta, não saía. O ar o comprimia de volta ao meu peito, enregelando minha garganta. O frio me cobria, arrepiando-me. O ar pesava nos meus ombros, forçando-me a ajoelhar-me. No entanto, a densidade me envolvia por completo, fazendo-me flutuar. O espaço branco, o meio das nuvens, o mergulho no gelo.Em meio àquela mistura de brancos, cheiros, pesos e compressão, eu me encontrava. Na minha cabeça não residia nenhum pensamento. Tudo era tão intenso. E tão vazio. Um vazio complexo, cheio de coisas. Um espaço sem nada, tão cheio de tudo. Tudo branco.
Era o branco, era a densidade. Meu pântano congelado particular. Meu esconderijo secreto. Meu branco, meu frio.

A primavera logo chegaria. Levando meu gelo embora.