domingo, 27 de setembro de 2009

Caminhava pelas ruas com a música do mp4 enchendo meus ouvidos. O vento me arrastava, mas eu não sentia. Não enxergava nada a não ser meus próprios pensamentos.
O ambiente a minha volta não tinha cor, não tinha cheiro, não tinha sons. Eu não sentia nada.
Eu vivia apenas meu interior.
Sufocada com cenas, cheiros, dores e amores encontrados só na minha cabeça, respirava um ar denso. As pessoas a minha volta passavam distraídas e as árvores se curvavam em reverência ao forte vento. Eu queria gritar.

Às vezes, eu queria que o mundo parasse de girar apenas por um segundo. Pra eu poder tomar um fôlego.

sábado, 12 de setembro de 2009

"Não posso sair desse jeito, e se eu encontrar o amor da minha vida?"

Ela tinha essa frase como lema. Não importava aonde ia, seja a uma festa ou uma simples ida ao mercado. A aparência, o cheiro, a cor deviam estar perfeitos.
Não sei se foi por uma rasteira do azar ou ironia do destino, mas seu super herói a pegou de surpresa. Seu cabelo estava desgrenhado e sua maquiagem escorria. Sua roupa estava amarrotada e seu perfume já devia ter se diluído no ar. Que tristeza, ela pensou.

No entanto, ele só focalizava a mais bela raridade que ele já vira.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E foi por achar que estava tudo errado, que percebi que habitava o quadro que sempre idealizei em meus sonhos. Não tem a perfeição que eu almejava, mas tem a transparência e pureza adequadas. Só tenho a agradecer a todos aqueles que me ajudaram a desenhar meu rascunho na minha antiga tela branca. Um tela macia e fofa, com cheiro de expectativa. Agradeço a aqueles que pincelam meus desenhos e colorem meus rabiscos. A aqueles que usam tintas com cheiro de emoção e gosto de lembrança.
Hoje só tenho uma parte da minha tela colorida. O resto está em branco, como um convite. Só existem as fibras convidativas da tela e meus sonhos com gosto de pirulito.